Amamos demais a nós mesmos, a tal ponto de não enxergar em nossa volta as necessidades dos nossos próximos mais próximos.
De tanto nos escutar, não temos ouvidos para escutar os pedidos silenciosos dos nossos entes queridos, que convivem conosco no nosso dia-a-dia.
De tanta atenção que nos damos que nos falta tempo de contemplar a beleza de uma criança.
De tanto correr em busca do conforto material ou do possuir, que acabamos sendo possuídos.
De tanto nos admirar e nos envolver com o que é complexo e vaidoso, que adquirimos, por escolha própria, a cegueira que nos impede de enxergar o que de tão belo temos em nossa volta.
De tanto viver em meios fúteis e barulhentos, que geram emoções desenfreadas, que ultrapassam os limites do bom censo, afastam-nos do maravilhoso mundo da razão, que nos dar o conforto e paz interior.
De tanto encher às nossas vidas de objetos, preenchendo todos os vazios encontrados, de tal forma, que acabamos ficando sem lugar, perdidos no emaranhados de tantas coisas, não nos encontramos, num espaço desorganizado, criado por nós mesmos, que nos tornamos escravos dele, levando-nos a uma solidão sem igual.
De tanto valorizar os fatos sociais, repletos de fantasias e fingimentos, ficam sem valor os subsídios que norteiam a moral e a dignidade, responsáveis pelo bem estar de todo ser.
De tanto aceitar as exigências descabidas de consumo exagerado, para atender, tão somente, a satisfação pessoal, deixamos, muitas vezes, de enxergar e ouvir os gritos de socorro de irmãos nossos, precisando de ajuda ou um pouco, do muito que gastamos, desnecessariamente, para suprir as nossas vontades exclusivistas.
De tanto viver em torno de nós mesmos, como se estivéssemos girando concentricamente em volta de um eixo, tornamo-nos, por acréscimo de tanta vaidade, excêntricos, portanto, desbalanceados, vibrando exageradamente, causando ruído, consequentemente, diminuindo a nossa audição que impedirá que ouçamos a sonoridade da música do bem viver.
De tanto querer e poder, nos nossos mundos de trocas, deixaremos de doar, pelo simples prazer de sermos solidários, úteis e por isso, deixemos de receber de graça o que não se pode adquirir de outra forma.
O amor não tem preço, vale apenas, a quantidade de doação e de compreensão de cada um. È como rio, separado da Fonte, ele seca...