47 - Mel

 


Rosto de anjo,
Corpo de criança,
Coração adolescente,
Alma sem esperança.

Olhos vermelhos,
Expressão assustada,
Num canto do mundo,
Na rua encostada.

Ò linda criança!
Por que choras?
Encontra-te perdida?
Não sabes ir embora!?

- Neste mundo vazio,
Perdida eu estou,
Não tenho referência,
Nem sei pra onde vou.

Já não sei se vivo
Ou se vivem em mim,
Só sei que existo,
Esperando o fim.

Sou como ego sem eu,
Levada pelos extintos,
Não sou dona de mim,
Nem sei o que sinto.

Sou sombra de mim mesma,
Vulto despedaçado,
Não consigo encontrar,
Meus pedaços espalhados.

Sou o que não quero ser,
Como fantoche, manipulada,
Sofro, faço os outros sofrer,
Sinto-me uma rejeitada.

Sou eu a culpada,
Não quero culpar alguém,
Embora, quando mais precisei!
Não contei com ninguém.

Vivo num mundo, tão só,
No meio de tanta gente,
Quando busquei socorro,
Chamaram-me de doente.

- Minha criança doente!
Que eu posso fazer?!
Doe-me no fundo d’alma!
Vê-la desta forma sofrer.

Ó mundo desajustado!
Homem de pouca fé,
Que vivem neste mundo,
Vivos, porque estão em pé.

Perdoe linda criação de Deus,
Os surdos que não escutam,
O teu clamor de socorro,
Pedindo que te acudam.

Vens mais perto, criança!
Quero poder te ajudar!
Que queres que eu faça?
- Dei-me teu colo pra eu chorar.

Só preciso do teu colo,
Para minha cabeça encostar!,
Sentir teu calor humano!
E tua mão me acariciar.


João C. de Vasconcelos


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